domingo, 28 de janeiro de 2007

Anexins em louvor do duque da Victoria

«Exmo. e il. Sr. -Depois que v. Exa. fez ir de escantilhão para França o fanfarrão Junot, tendo-o posto em papos de aranha nos campos do Vimeiro: depois que v. Exa. fez sair com vento de baixo ao ladino Soult, da cidade do Porto, fazendo vispere, e com as calças na mão para Castela: depois que v. Exa. disse ao zanaga Massena alto lá senhor S. Macário; e jogando o jogo dos sisudos lhe mostrou as linhas com que se cosia, fazendo-o dar às trancas e apanhar pés de burro, por ter dado com as ventas num sedeiro: depois que v. Exa. fez ir de catrâmbrias a Berrier, da Cidade-Rodrigo, e ao caxola Philipon limpar a mão à parede em Badajoz, como quem diz, faça que me não viu; e tendo estado tem-te Maria não caias: depois, finalmente, que v. Exa. nos campos de Arapiles, zás trás nó cego, desazou o macambúzio Marmont e o obrigou a cantar a sua derrota, pa pá Santa Justa, tim tim por tim tim; foi então, Exmo. Sr. que nós, os pés de boi, portugueses velhos, dissemos, este não é general de cácaracá, tem amora, não faz cancaburradus, não deixa fazer-lhe o ninho atrás da orelha; e como prudente acomete umas vezes e outras põe-se na conserva; agora podemos dormir a sono solto; o nosso medo está nas malvas; a vinda do inimigo será dia de S. Nunca à tarde: portanto só resta agradecer a v. Ex.ª a visita, que nos faz, que desejamos não seja, de médico, nem com o no estribo; devendo saber v. Ex.ª que estes desejos não são embófia, nem Perólas que leve o vento; mas sim ingénuos votos de corações agradecidos e leais, sobre os quais tem v. Exa. erguido com tanta justiça um trono de amor e respeito. De v. Exa., etc.

NOTA : Nos nº 9 e 10 do tomo I da Mnemosyne Lusitana, Lisboa, publicação patriótica de 1817, anexins em louvor do duque da Victoria, precedido de curiosas observações que a lingua portugueza é abundante de anexins muito significativos, decentes e joviaes, mais do que os idiomas das nações estranhas; que com eles podem formar-se longos discursos, como fez um literato em carta em louvor de Welington, figurando em nome dos habitantes do Vimeiro, parece que Welington aplaudira a carta, pela impossibilidade de ser traduzida, que assim dizia:

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