sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Os Quintos da Arrifana

As Invasões Francesas, que, no princípio do século passado, deixaram marcas no concelho da Feira, estão particularmente ligadas a Arrifana por um episódio horroroso e da mais atroz barbaridade. Na freguesia ergue-se o Monumento aos Mártires em memória dos homens fuzilados pelo exército napoleónico, em 17 de Abril de 1809. O massacre, acompanhado do saque da povoação, surgiu como represália à emboscada montada em Riba-Ul e dirigida por um natural de Arrifana, em que perdeu a vida, entre outros, um oficial francês sobrinho do general Soult. O povo, aflito, fugiu a esconder-se na igreja, mas nem assim escapou aos intentos assassinos dos franceses, que o fez sair ordeiramente, contando um, dois, três, quatro e, chegando ao quinto, agarrando-o para ser fuzilado no Campo da Bussiqueira. Segundo os mais fundamentalistas, terão morrido — entre homens, mulheres e crianças — perto de trezentas pessoas. Só escaparam os que o acaso escondeu por debaixo dos cadáveres.
O monumento (obelisco assente sobre pedestal) foi descerrado em 17 de Abril de 1914, na sequência das comemorações do centenário daquele trágico acontecimento. Uma placa de bronze, na frente, apresenta a cena do fuzilamento, em baixo-relevo, tendo ao fundo uma coroa de louros, com fita, onde se pode ler "Arrifana 1809-1914". No soco da base está um pequena placa, com as seguintes datas e letras abertas: "1809-1959/J. F. A." Do lado direito, uma outra placa com a seguinte inscrição: "Erigido/Pelo Povo de Arrifana/No/Primeiro Centenário/Da/Guerra Peninsular/Com o concurso/Da/Comissão Oficial Executiva/Do/Dito Centenário". Do lado posterior a placa reza: "Aos 17 de Abril de 1809/Foram barbaramente/Trucidados e fuzilados/Pelas tropas de Soult/71 mancebos de Arrifana/E lugares próximos em/ /Repre-sália de um ataque/Dirigido contra alguns oficiais e soldados/Franceses". A placa da esquerda diz simplesmente: "Solenemente/Inaugurado/Em/17 de Abril de 1914".